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O olvido de Bruno

Edgar Borges

Bruno percorre o bairro acompanhado por Eliana (a sua mulher), visita amigos e desfruta das coisas simples que a quotidianidade lhe oferece. No entanto, essa harmonia será destroçada quando a doença irrompe, transgressora, na rotina do casal, instalando-se como um hóspede indesejado naquelas existências que, lentamente, vão-se diluindo no meio de penas e angústias que dão conta da precariedade da vida.

O olvido de bruno (El olvido de Bruno), o mais recente romance de Edgar Borges, é uma obra articulada em três eixos: a doença, a memória e a morte. Esta história, em chave interrogante, é o questionamento pertinaz e a indagação de um homem que tenta explorar vivências que se desvanecem no insondável mundo do Alzheimer. Bruno é um refém solitário e silencioso do presente difuso no qual fica preso, sem remembranças do passado que lhe ofereça

pistas. Ele, no meio da soçobra, busca o recordo de um assassinato, ou será só uma desaparição? Será a morte da pequena filha do alfaiate, a de Eliana, ou a sua própria morte?

O olvido de bruno é a posta em cena da luta confusa de um homem por reter a memória e entender as frases e imagens esquivas que se lhe apresentam como fantasmas, e tenta compreender o discurso soterrado dessas evocações elusivas. O autor tece, de forma magistral, una filigrana que mostra a fundura abissal de uma doença que apaga tudo por onde passa. Desta maneira, destaca o frágil equilibro da cordura e como as nossas estruturas racionais se fundamentam sobre entelequias, como a lógica e o coerente mundo da norma que funcionam só se a rotina se mantem imperturbável na ordem quotidiana.

Edgar Borges, através de um magnífico registo da linguagem apoiada na introspeção, descreve o trance deslocado de um homem que se enfrenta a uma contingência implacável. O mundo de Bruno fratura-se no meio de um nevoeiro impossível que impede a passagem da palavra como meio e remedio para restituir a memória. A partir de esse evento inscreve-se na dimensão do silêncio, e converte-se em testemunha da solidão que nos constitui.

Les Quintero

Os ossos da lua

Les Quintero y Sebastián Beringheli

m sombrio casarão reconstruído com as ruinas duma outra muito antiga. Três criaturas da noite que se têm procurado ao longo das brumas do tempo: Sopdet, Napir o Negro e Dacia que encarnam respetivamente Guilherme Caffoneli, Glen Forbes e Arabella. A luta pelo poder entre milenárias castas de vampiros. A ambição do sacerdote MacKenzie, o nascimento da estirpe almatinense – segadores de almas – e o segredo da imortalidade encerrado no Códice Os Ossos da Lua, são parte do mistério que Arabella e Guilherme conseguem recordar numa surpreendente noite de encontros à borda da madrugada.

Les Quintero e Sebastián Beringheli recrearam um imaginário onde é narrada a história sobre a origem da raça vampírica que convive com a espécie humana numa estranha simbiose. No meio da escuridão, e duma intensa perseguição, Arabella busca pistas que a ajudem a recuperar a memória que lhe foi roubada, e no velho

casarão – além de Guilherme Caffoneli – a enigmática voz duma presença infantil faz-se escutar, como um eco do passado, para conduzi-la até uma torva fonte perdida na espessura do jardim onde irá enfrentar-se ao seu maior inimigo: Napir o Negro.

Alberto Andrade

Venezuelanos de ultramar

Linda D’ Ambrosio Morales

Linda D’ Ambrosio Morales, mediante 26 biografias de venezuelanos que fora da sua terra têm alcançado o êxito, nos mostra como cada um destes homens e mulheres exemplares triunfam nas suas áreas e engalanam o nosso gentílico.

Linda, com a sensibilidade pela arte que a caracteriza e a sua aguda perceção entre a imagem e o esboço, oferece-nos o seu olhar sobre um tema tão vasto como a emigração dos venezuelanos nesta época adversa, desde uma perspetiva na que se adverte o otimismo, a fé e o amor na (e pela) Venezuela. Por isto a jornalista tem-se enfocado nos logros, no êxito e os efeitos maravilhosos de cada vitoria internacional que os personagens aqui resenhados exibem no mundo, ao mesmo tempo que explora e ressalta a dimensão humana de cada um deles.

Venezuelanos de ultramar não é um dicionário biográfico nem uma antologia, é um tributo a Venezuela, não aos amigos particulares. Portanto, muitos autores e personagens que se encontram fora do

país, pela razão que seja, também estão fora destas páginas que são o prólogo de trabalhos que estão por vir e que são mais extensos. Venezuelanos de ultramar é o início de uma exploração que palpita nos próximos referentes, nas páginas em branco que Linda se encarregará de encher para oferendar, uma vez mais, ao país, a esta terra de graça que exporta talento e fraternidade.

Les Quintero

Cavaleiro a pé

Israel Centeno

Roberto Morel é um Cavaleiro a pé, como se lhes chama aos que não têm o privilégio de conduzir uma motocicleta, os peões sem voz nem direitos, exiliados nalgum cantão do que uma vez foi Caracas, antes do crack. Nesta novela, Israel Centeno recria uma atmosfera enrarecida e anárquica na que se manifesta a solidão implacável de uma cidade que se transformou num pesadelo reacionário, decadente, desumanizada. A personagem sobrevive obcecada em resgatar as memórias erráticas de mulheres alucinadas e terríveis; mulheres que se confundem e diluem na escrita de um diário, talvez o único documento que registou os passos de Roberto Morel antes do desastre.

Ludmila pode ser Adriana ou Verónica, Ana poderia ser Alexandra ou uma sombra que se desprende do peito de Roberto Morel. Uma mulher converte-se em todas as mulheres, na figura caleidoscópica multiplicada nos lampejos zenitais do caos e da destruição. Morel transita paisagens aniquiladas de um sistema atrasado, constituídas pelos cantões. Estes distribuem-se em zonas com moradias desconjuntadas, ruinas fundacionais de uma comunidade onde habitam, confinados, os peões que uma vez transitaram livremente pela cidade. Os peões sobrevivem com chá de campânula, e só em horas permitidas pelas hordas de motociclistas, tomando um café na Flor de Altamira. Tomar café representa um rito, o último reduto social no fluir convulsivo da história.

A erva e os turrões de abóbora propiciam o sonho, ponte para universos oníricos aonde escapar do horror cósmico que produzem os safaris, essas temporadas nas que a caça de peões é uma diversão. Roberto Morel, mediante uma reflexão em surdina, explora a sem-razão do amor, a perseguição de uma mulher vingativa, o desejo e as pregas do medo e as paixões da condição humana numa situação limite.

Os peões fogem nus, a sua pele confunde-se com a natureza, com a noite azulada e os sonhos irreais produzidos pela erva e chá de campânula. A pele é a metáfora para fundir-se com a desmemoria e o espetáculo impossível do animal acossado.

Les Quintero

lectorcomplice@gmail.com